terça-feira, 16 de agosto de 2016


Profilaxia antibiótica: o dia-a-dia do consultório


Bom dia gente!!
Tudo?
Nossa, que sumiço hein?! As coisas aqui no consultório estão bombadas e chegando em casa ainda tenho o Fred furacão (meu cachorro haha) que dá um trabalhão!!
Mas não via a hora de vir aqui falar um tiquinho com vocês... 

O tema de hoje é a profilaxia antibiótica! Você sabe o que é isso?




O uso curativo de antibióticos constitui a situação mais freqüente na prática diária. São as situações onde já temos a presença de infecção instalada ou, devido às dificuldades do procedimento clínico/cirúrgico, optamos pelo uso destes medicamentos depois do procedimento ter sido realizado; portanto, quando já houve bacteremia. desta forma, exemplificando, diante de uma exodontia que complicou, utilizamos antibióticos no pós-operatório; isto não constitui uso profilático de antibióticos e sim curativo. O uso profilático de antibióticos preconiza o uso de antibióticos no pré-operatório; portanto, antes que ocorra bacteremia.

Considerando a vasta gama e diversidade de microorganismos existentes na cavidade oral, e, sabendo-se que toda e qualquer manipulação dos tecidos orais pode causar um trauma que permita a entrada de bactérias na corrente sanguínea, há que se entender a estreita relação entre bacteremias e procedimentos odontológicos. Em indivíduos saudáveis, as próprias defesas do organismo são capazes de controlar esse processo, destruindo as bactérias presentes no sangue, porém, em indivíduos com determinadas condições predisponentes, a bacteremia pode trazer como consequências complicações sistêmicas. 

Quando isso ocorre, ou seja, bactérias entram na corrente sanguínea, elas podem migrar até o coração, ocorrendo a endocartite bacteriana (infecciosa):

"Endocardite infecciosa é uma doença grave, que resulta usualmente da invasão de microorganismos (bactéria ou fungo) em tecido endocárdico ou material protético do coração."


Na Odontologia, os procedimentos que necessitam de profilaxia antibiótica são os procedimentos cruentos (que geram sangramento), tais como:
  • Extração dentária
  • Procedimentos periodontais incluindo cirurgias, raspagem e aplainamento radicular, sondagens e controles
  • Implantes dentários ou reimplante de dentes avulsionados
  • Tratamentos endodônticos ou cirurgias periapicais
  • Colocação de antibióticos subgengivais (todas as formas)
  • Colocação de bandas ortodônticas (exceto se apenas brackets)
  • Anestesia injetável intraligamentar (periodontal)
  • Profilaxia dental ou de implantes quando sangramento é provável.
Existem três categorias de indicação (ou não)  de pacientes para a realização de profilaxia antibiótica:

Categoria de alto risco (Profilaxia recomendada)

  • Presença de próteses cardíacas
  • Endocardite bacteriana prévia
  • Síndromes cardíacas congênitas cianóticas ( tetralogia de Falot, transposição de grandes artérias e outras)
  • Shunts cirúrgicos

Categoria de risco moderado (Profilaxia recomendada)

  • Maioria de outras malformações congênitas não citadas acima ou abaixo
  • Disfunções valvares adquiridas (ex: febre reumática)
  • Cardiomiopatia hipertrófica
  • Prolapso de válvula mitral com regurgitação e/ou espessamento
  • Paciente diabético

Categoria de baixo risco - (Profilaxia não recomendada - risco igual ao da população)

  • Malformações isoladas do septo atrial 
  • Correções cirúrgicas de defeitos do septo atrial, septo ventricular ou persistência do ducto arteriovenoso
  • Correções cirúrgicas com enxertos coronários (bypass - pontes)
  • Prolapso da válvula mitral sem regurgitação
  • Sopro fisiológico, funcional ou inocente
  • Doença de Kawasaki prévia sem disfunção valvar
  • Febre reumática prévia sem disfunção valvar
  • Implantes de marcapasso (intravascular ou epicárdico) ou de desfibrilador
Para tal, a medicação mais utilizada é:

Regime Profilático para Endocardite Bacteriana em Procedimentos Odontológicos

SituaçãoDrogaPosologia

Profilaxia PadrãoAmoxacilinaAdultos: 2.0 g; crianças: 50 mg/kg - Via oral 1 h antes do procedimento

Inaptos à medicação oralAmpicillinaAdultos: 2.0 g; crianças: 50 mg/kg - Via IM ou IV 30 min antes do procedimento

Alégicos à penicilinaClindamicina ouAdultos: 600 mg; crianças: 20 mg/kg - Via oral 1 h antes do procedimento
Cefalexina† or cefadroxil†ouAdultos: 2.0 g; crianças; 50 mg/kg - Via oral 1 h antes do procedimento
Azitromicina or claritromicinaAdultos: 500 mg; crianças: 15 mg/kg - Via oral 1 h antes do procedimento

#DicaDaCá Com a indicação correta e o uso correto da medicação, você profissional fica protegido, seu paciente fica protegido e o decorrer do atendimento é muito mais tranquilo e seguro!!
E aí, você sabia disso? Tem alguma dessas doenças e já foi (ou não) medicado pelo seu dentista?
Contra pra mim!! Vou adorar bater um papo contigo!!

Bjo bjo!












Fonte:
http://www.ibemol.com.br/rotinas/endocardite.htm [Acesso em 16/08/16 às 12:24]
http://www.incor.usp.br/conteudo-medico/geral/prevencao%20de%20endocardite%20infecciosa.html [Acesso em 15/08/16 às 10:22]
Camargo MA, Santana AC, Cara AA, Camargo Filho JP, Roda MI, Melo RODN, Melo JAJ. Bacteremias em Odontologia - profilaxia antibiótica. Rev Inst Ciência Saúde. 2006; 24(2): 137-40.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016


Displasia Cleidocraniana: Ficção e Realidade


Olá queridos!
Tudo?

O post de hoje é reunindo a ficção com a realidade!!
Aposto que vocês já ouviram falar da série original do Netflix "Stranger Things" não é? Com a fofa da Eleven, com o sumido Will e claaaaro, com aquele menino mais querido, Dustin!


Em um dos primeiros episódios (ou o primeiro mesmo), dois meninos do colégio onde os protagonistas estudam fazem piada com as crianças, principalmente com o Dustin, personagem do ator mirim Gaten Matarazzo, chamando-o de "toothless" (sem dente) e zombam com o fato do menino conseguir encostar as extremidades dos ombros até a linha média do corpo! Na hora, o personagem se defende, dizendo que possui uma doença que, para muitos, até então era desconhecida: Displasia Cleidocraniana!

Não só o personagem Dustin apresenta essa doença, como o ator Gaten também! 
Vamos entender um pouco sobre ela?

A DCC é uma doença rara do osso (1:1.000.000 pacientes), causando um defeito no gene CBFA1 , presente no cromossomo 6p21. Este gene controla a diferenciação das células precursoras em osteoblastos, sendo essencial para a formação dos tecidos ósseos. Normalmente, os indivíduos portadores apresentam baixa estatura e clavículas rudimentares ou ausentes (o que permite que aproximem os ombros anteriormente).


Em relação à face, ocorre presença de supranumerários (dentes a mais), retardo na esfoliação (demora em "cair" os dentes de leite) e dentes que não erupcionam (não nascem). A face pode parecer pequena em relação ao crânio. A síndrome não tem consequências graves, sendo seu problema principal relacionado à parte ortodôntica. Contudo, vai além de uma questão estética: pode atrapalhar a mordida, alterar a fala e causar problemas respiratórios.
"Os dentes de leite nascem, mas os permanentes demoram. A criança pode ter mais dentes que o normal, mas ficam “escondidos” dentro do maxilar. A cirurgia remove os dentes a mais e “puxa” os demais para baixo. Depois, um aparelho ajeita a arcada dentária." — esclarece a cirurgiã bucomaxilofacial da clínica Ateliê Facial Katyuscia Lurentt.
Na sua conta no Instagram, Gaten postou uma foto com os dentinhos, mas, na legenda, explicou aos fãs: “Esses são falsos”. Segundo a imprensa americana, o ator mirim teria feito, neste ano, a primeira cirurgia para consertar o sorriso.

Acho interessante um assunto importante como esse ser debatido, principalmente por uma criança, para que vejamos que as diferenças existem e podem ser vividas de forma natural, com muito entendimento e amor!



Ator Gaten Matarazzo


Gente, se vocês não viram a série ainda, vale a pena ver, porque além de se derreter com o fofo do Dustin, a série é muito interessante, com um toque de suspense e muita amizade, com uma interpretação fenomenal dos atores mirins!! 


Tchau! E fiquem atentos às luzes!! rs

Bjo bjo!

Fonte:
Machado Cíntia de Vasconcellos, Pastor Iandira Maria Oliveira, Rocha Maria Celina Barreiros Siquara da. Características clínicas e radiográficas da displasia cleidocraniana: relato de caso. RFO UPF [periódico na Internet]. 2010 Dez [citado 2016 Ago 04] ; 15( 3 ): 302-306. Disponível em: http://revodonto.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-40122010000300016&lng=pt.